Geladeira Cadeada

Quando a gente sabe de alguém que assalta a geladeira a noite a brincadeira já começa assim: vou cadear a minha! Mas não levamos muito a sério este “assalto” noturno, que é considerada por especialistas como transtorno alimentar e que pouca gente procura ajuda.Acordar no meio da noite, com água na boca, com vontades e desejos por comida. Perder o sono precioso pensando na torta de bolacha que está lá na geladeira e não conseguir mais dormir enquanto não for até lá e encher o estômago com alguma coisa. E depois, como fica seu sono e seu humor?

Assaltar a geladeira pode parecer uma atitude inofensiva e engraçada, mas não é: chama-se Síndrome da Fome Noturna, e precisa de tratamento e merece muita atenção. Esta síndrome acomete mais as mulheres que os homens e está relacionada com alterações de humor e sono, cauisados por estresse e disfunções de substâncias secretadas no cérebro – como leptina (age na saciedade) e melatonina (age na manutenção do sono).

Não é fome: é vontade de comer. E, quando esta vontade bate para valer, é impossível não levantar da cama. Por mais que se tente pegar no sono, não se conseguem, enquanto não comer alguma coisa. E aqui se coloca em jogo a manutenção do peso corporal, que pode aumentar ainda mais o transtorno de humor, piorando a situação.

Os alimentos mais procurados são frituras e doces, que são muito calóricos. Deste modo, esta doença é uma inimiga da balança, pois pode levar a obesidade já que o consumo energético é alto. Além do aumento de peso, muitas doenças ligadas à má alimentação aparecem, como gastrite, refluxo e distúrbios intestinais.

O que fazer? Terapia, exercícios e, em alguns casos, remédios para diminuir a ansiedade fazem parte do tratamento. Mas deve-se procurar ajuda quando se percebe que está ficando rotineiro não dormir pensando em comida.Buscar uma equipe multidisciplinar (médico, terapeuta e nutricionista) talvez seja uma ótima opção para um tratamento mais completo. Isso porque tudo irá depender da reeducação alimentar e de mudanças de comportamento.

Autora: Márcia Keller Alves - coluna publicada em 04/02/2009, no Jornal da Região (MG).